Reunidos

Nunca imaginei que ficaríamos tão próximos

Jamais cogitei uma amizade tão bonita crescer

lealdade, amor, amizade, continuidade 

Mesmo nas mudanças profundas ou bruscas

Mesmo nas diferenças ou poucas afinidades 

Tal qual inimigos históricos fazendo as pazes 

e compartilhando os mesmos territórios

Um projeto que atravessa corações

imprime paz em todas as gerações

Consertar o mundo

Já sonhei consertar o mundo

Sonhei com o equilibrado e o justo

quis encontrar, no fundo

de cada um o mais nobre

sem muito custo

Já fiz revolução

Já construí amor e perdão

E vi profunda união

na reconciliação

Abracei cada oportunidade

com paz e suavidade

Deixei de lamentar a distância

a frieza ou a maldade

É o que se aprende com a idade

depois que passa a arrogância

Júbilo da palavra

Que alegria saber que uma palavra

Que não foi nada planejada

Brotou no momento acertado

Tocou fundo o peito apertado

 

Motivou decisão

Deu coragem, energia

E amor no coração

Essa é toda magia

 

Palavra despretensiosa

Profundamente amorosa

Olho no olho da compaixão

Humanidade à flor da pele

 

Palavra adiante segue

Pura êxtase jubilosa

Gratidão, gratidão

Se espalha em toda direção

Tagarelice fake

Tagarelice fake barata

dá recompensa imediata

Cara de bacana

vende vaidade 

a preço de banana

Mas na realidade

cria verdade torta

e nem se importa

Só caça recompensa

em mais nada pensa

Se o neon reluzir

vai prosseguir

E quanta emoção derrama

enquanto a mentira engana

Mas, porém, contudo, entretanto

a análise certeira, por encanto

dissolve a fake inteira

Pérola do ar

Não nasceu no fundo do mar

Surgiu sublimada no ar 

Pairando não vive em vão

A suavidade é o seu colchão

 

Entregue à melodia do som

Se dissolve na apreciação

Do arco-íris sinuoso do om

Enviado do céu ao chão

 

Pequena como um grão

Absorve e reflete

Ampliando a imensidão

 

Colorida leve e linda

A nada repete

E na onda é infinda

Por quê?

Por que se existe e se vive? 

Quando estarei vivendo

lá onde já estive?

Por aqui ando cega

Eu não sei o que me espera

A minha mente treinada 

é um autômato numa cilada

Onde penumbra a lua

o caminho só se insinua

Sangue

Eu vejo o sangue

Não derramado 

mas bem canalizado

saltando adiante

na badalada do peito

 

jorra até as pontas dos pés

a cada impulso perfeito

hidrata e dá o colorido

é um vermelho bonito

 

Quando se derrame

não seja em vão

apenas a purificação

do útero que acalenta

 

E assim a alma esquenta

gera a nova era

que não espera 

nem teme

contente de ser 

o mesmo sangue 

pra toda gente

pro grande e pro pequeno

do maior mamute 

ao menor rebento

 

Sangue, segue onde te mande

O grande vigor 

que leva a vida adiante

Inexplicável

Sinto que me sustenta

o que intenta

Único e total, 

indiscrimina 

e leva cegamente

por uma linha

cujo fim é inconsciente

e o início ninguém imagina

 

Mas se olho pro lado

Fito algo

De repente tudo some

estou aqui sem nome

 

Paro onde estou e escolho 

Para onde continuar

o céu é o limite do olhar

abarca o sempre, o nunca e o todo

e se abre ao simples contemplar

Gestando poema

Estou preparada

Se de madrugada

Um poema nascer

Vou então receber

De todo o coração

Com sono e o celular na mão

 

Com a paz de uma gestante

Que se entrega ao instante

Sem controlar nada

nem derrotada 

nem triunfante

 

Apenas o momento

No sofá aconchegante

Na dor dilacerante

Ou na paz extasiante

Parindo o que quer nascer