Não sei sentir saudades
Quando lembro do passado
Esqueço de fato
e vejo o abstrato
Se penso no passado
ele está aqui, melhorado
E o futuro, por absurdo
que pareça, talvez pertença
já ao presente, latente
A revolta me consome
injustiça tem nome
Isso é desumanidade
a esperança foge e some
E sigo como um louco
um dia em cima do outro
o tempo como um tiro
matando pouco a pouco
Com o passado lado a lado
Estou tão cansado
há uma luz no fim do túnel
Mas ficar aqui cercado?
Então sou tomado
pelo fim consumado
do passado iminente
e arrisco ver à frente
Como um vulcão no peito
a pressão me oprime
tanta dor e tragédia revive
na minha carne impressa
pela dor, temor e pressa
para sair de tudo e deixar
o que é pesado demais
para suportar
Um passado grudento apegado
Fica pra trás, tu já tá passado!
Fico até meio irritado
E quando, exausto e brabo
resolvo com força esquecer
Daí que o d3/0%!º&* gruda pra valer
Desisto
de me livrar de você
Mas não vou morrer
sem te olhar
sem te dominar
fera dos meus pesadelos
força que suga minha seiva
e ao tocar com a ponta dos dedos
no ódio e no medo
me embarga
uma dor e uma lágrima
Nessa água emocionada
vejo teu grande desejo de ser
melhor do que foi
e deixar descansar o que dói
A morte lenta da tua dor
que meu olhar contempla
com fervor
é inexorável
e desejável.
Deixo tua dor dormir
E levo tua vida ao porvir
Ao pouco que resta
dou as mãos pela fresta
Até deixar tudo sumir
Tudo silencia
Só a minha resistência
ainda me prende aqui
Agora se evidencia
na minha própria experiência
que tudo precisa partir
Não adianta resistir
E agora o que fazer?
Respiro fundo
e olho no mundo
o simples sol nascer.