Família dormindo

No sofá marrom bombom

Dorme dorme um cachorrão

Eu vejo e canto em bom tom

bate alegre o coração

 

Na cama confortável

Descansa o menino

Brinquedo e ursinho amável

Velam o seu soninho

 

Na cama grande espalhados

Dormem o pai e a mãe da vida

Desencontros reencontrados

E se amam mais ainda

O topo mais alto

Dois amigos saíram em uma grande aventura. Ícaro sonhava voar, enquanto Topo sonhava escalar e chegar ao pico das montanhas altas que circundam a cidade. Aliás, o seu apelido “Topo” vinha daí, ele sempre apontava uma montanha e dizia: como eu gostaria de subir no topo… 

– Nunca vamos conseguir – disse Topo, enquanto caminhava pela estrada ao lado de Ícaro. 

– Ah, deixa disso, pelo menos dá pra brincar de sentir o vento – disse Ícaro, fechando os olhos – Estou voando! – Abriu os braços e começou a correr.

Topo fez o mesmo, de olhos abertos, mas não achou nenhuma graça.

Ícaro gostou tanto que esqueceu de abrir os olhos e tropeçou numa pedra. Pof! no chão.

– Ai!

Ralou o joelho….. Mas achou uma linda pedra preciosa.

– Olha, ralei o joelho numa ametista! Vamos vender?

– Quem disse que é ametista? Quem vai comprar isso? Ah, vamos embora, deixa essa pedra aí.

– Não, vou levar na lojinha Vende-vende.

– A loja daquele pilantra?

– Pilantra? Deixa o cara em paz… Ele compra e vende de tudo! Vamos!

– Ah, tá bom… 

– Se foram os dois levando aquela pedra.

Não valia tanto quanto Ícaro esperava, mas deu pra comprar um curativo pro joelho e um brinquedo bem legal: uma pipa gigante em forma de avião, a maior que já viram!

Topo não gostou tanto da pipa. Era grande, colorida demais e desengonçada. E ele estava com vergonha de andar na rua carregando aquele troço, todo mundo ficava olhando, alguns riam. Ícaro por sua vez, estava tão contente que sorria de volta para as pessoas que se divertiam com a cena engraçada.

– Onde você quer empinar isso? Perguntou Topo.

– No campo de futebol.

Caminharam até o campo, Ícaro caminhava desenrolando a longa rabiola, estava ansioso, sentia que seria fantástico. Topo sentou-se embaixo da goleira.

– Você não vem?

– Talvez depois.

“Dane-se”, pensou Ícaro, “eu vou empinar isso sozinho! Uau, é enorme mesmo!!”

O vento estava um pouco forte, mas Ícaro achou perfeito para empinar aquela pipa especial.

– Olha só Topo, o avião vai decolar!

Então Ícaro começou a correr e a pipa foi tragada por uma rajada de vento e começou a subir. 

Topo ficou lá na goleira. No início, Topo olhava desinteressado; logo depois ficou mais atento e em mais uns instantes, estava apavorado. Levantou e foi correndo ao encontro de Ícaro no meio do campo. 

– Segura Ícaro, segura! Estou chegando!

– Ai minha nossa… socorrooo!!!

A pipa puxava com tanta força que quase levantava Ícaro do chão. Toco chegou rápido e grudou na corda com toda a força, enrolou duas vezes em cada mão e cravou os pés no chão, para garantir que a pipa não levasse Ícaro pelos ares!

– Ufa… – disseram os dois.

Mal respiraram aliviados, veio uma nova rajada de vento. Parecia um temporal se armando. Os dois se desequilibraram e sentiram os pés flutuando, o vento no rosto… 

– Uau!! Estamos voando!!!!

Ícaro nem se deu conta do perigo de sair voando com uma pipa, estava radiante! Era seu grande sonho sendo realizado!!

Topo, ao contrário, percebeu imediatamente a gravidade da situação e, em pânico, não conseguia nem falar.

O temporal se formava rapidamente e o vento não dava trégua. A pipa-avião levava os dois para o alto e para longe do campo de futebol. Eles estavam firmemente agarrados na corda. 

Topo tentava descobrir onde ele estava, mas girava tanto com o vento que era impossível. Só conseguiu ver uma montanha muito alta se aproximando… rapidamente…

– Cuidaaaado! Wooow!! – Foi o que Topo conseguiu falar.

Sentiram um sacudão intenso no corpo. Ao abrir os olhos, estavam pendurados, enrolados na corda, a corda enrolada em galhos… a uma altura de apenas um metro do chão!! 

– Estamos salvos! Wow, isso foi…. Incrível!! Nós voamos de verdade!! Uhuuuu!!!

Ícaro estava em êxtase.

Topo ainda estava em choque. Ele não acreditava que estava em terra firme e tinha sobrevivido. Começou a se desenrolar, se soltou e caiu no chão, as mãos estavam um pouco doloridas de tanto segurar a corda, mas estava tudo bem. Olhou ao redor, levantou-se de pé para ver melhor.

– Ícaro, olha só…

Poff!! Ícaro também caiu no chão, com pipa e tudo.

– Olha o quê?

Topo perdeu a paciência.

– Mas você é um avoado mesmo! Olha!!

Pegou os braços do amigo, que estava todo enrolado na corda e o fez ficar de pé.

– Uau….. 

A vista era incrível, podiam ver a cidade toda, as cidades vizinhas e o pico das outras montanhas. Topo abriu os braços, olhou para o alto e soltou um grito:

– Eu estou na montanha mais altaaa!!!!

Ícaro fechou os olhos para sentir o vento. Estava um pouco frio, mas ele estava adorando.

Topo, ainda surpreso, falou:

– Nós voamos de verdade numa pipa!!

E caíram na risada, passando as mãos pelo ombro e olhando juntos a paisagem.  O temporal se afastou, já tinha menos vento, e começavam a cair as primeiras gotas de chuva. Mas não chegava a atrapalhar a vista incrível. começaram a procurar suas casas, mas não conseguiram ver direito, estavam tão pequenas. O campo de futebol parecia uma pequena folha de papel verde caída no chão da cidade, lá embaixo. 

– Ícaro, como vamos voltar? 

– Hum, pois é… se eu tivesse meu celular… Quem sabe você me ajuda a desenrolar primeiro, deu um nó aqui…

– Deixa eu te ajudar, eu me desenrolei num instante – disse Topo, indo ajudar Ícaro.

– Ah, tá se achando, só porque subiu no topo da montanha mais alta! 

– É verdade. E você, ventinho, finalmente conseguiu voar. Ventinho, hehehe, agora esse é o seu apelido, Ventinho!!

– Ah, não!

– Vou tirar uma foto da gente aqui pra mostrar pra todo mundo.

– Você trouxe seu o celular?

– Claro!

– Ufa! Tenho certeza que vou ficar duas semanas sem jogar, de castigo, mas isso valeu a pena!!

E os dois amigos mandaram as fotos naquele momento para os pais e todos os amigos, aproveitando um pouco mais a vista até que alguém viesse buscá-los.

O homem solitário

Imagem de Felix Mittermeier por Pixabay

Era uma vez um homem que morava no alto de uma montanha muito distante. Ele tinha uma casinha pequenina e morava sozinho. Na sua casinha, tinha uma cozinha com um fogão, uma mesinha e uma cadeira; no quarto uma cama e um pequeno guarda-roupa com uma porta só. Na pequena sala, o homem confeccionava sapatos. Ele fazia sapatos e vendia no povoado ao pé do morro, chamado Reino do Vale Antigo. 

Um dia, apareceu alguém que bateu à sua porta. 

Toc toc toc!!

– Quem é? Perguntou o homem com sua voz forte. Ele não costumava receber visitas.

– Hã… Sou eu, seu novo amigo!

O homem tomou um susto. “Novo amigo, ora, não tenho amigos há muito e muitos anos”, pensou o homem, desconfiado.

Mas por educação, foi abrir a porta. E deu de cara com uma raposa.

– Quem é você?

– Eu sou Raposo. Estive andando por essa linda região, pensando em vir morar nessa montanha… vi esta tão linda casinha e imaginei que deveria morar alguém muito especial aqui.

E antes que o homem pudesse dizer qualquer coisa, o Raposo, que tinha uma fala fácil, continuou:

– Posso conhecer sua casa? Aliás, está na hora do chá! O senhor costuma tomar chá à tarde? Poderíamos tomar chá juntos…

O homem já achou isso um abuso da raposa. “Surgiu do nada, quer conhecer a casa e ainda ganhar um chá! Só falta pedir biscoitos.”

– A propósito, eu adoro biscoitos de polvilho com chá, o senhor já experimentou? Derrete na boca… disse o Raposo.

– Ah, já chega! – Disse o homem – Eu não costumo receber visitas.

– Ah mas que pena, eu só queria conhecer sua linda casinha, quem sabe poderia me hospedar uns dias, posso lhe fazer companhia, afinal, deve ser muito ruim viver tão sozinho num lugar tão isolado! Posso lhe falar sobre minhas viagens…

– Não, não, não.  A casa é muito pequena e só cabe uma pessoa – Disse o homem, com sua voz forte e firme.

– Ah…. suspirou o Raposo – Se é isso que você quer, tudo bem, eu entendo, eu sempre sou rejeitado e vivo sozinho…

– Fique bem senhor Raposo! 

E o homem já foi fechando a porta.

Pensou: “Que malandro esse tal Raposo! Quer vir morar na minha casa, comer e dormir às minhas custas! Tenho que tomar cuidado com esses espertalhões.”

O Raposo, por sua vez, saiu resmungando consigo mesmo: “Agrrr, aquele homenzinho até que não é tão bobo… mas vou arranjar um cantinho para aproveitar uma vida fácil…” e seguiu sua caminhada, sem rumo, sem partida nem chegada.

No Reino do Vale Antigo havia um rei que tinha dois filhos: o príncipe e a princesa. Um dia, os dois irmãos resolveram sair para uma cavalgada e decidiram ir até o topo da linda montanha que avistavam do Reino. Saíram sem falar para ninguém sua aventura, pois todos sempre diziam que a montanha era muito íngreme e era muito longe. 

Os dois irmãos já estavam no alto da montanha quando a princesa disse:

– Veja irmão, ali tem uma casinha!

O homem, na sua casa, já tinha até esquecido da visita do Raposo quando alguém bateu na porta.

Toc, toc, toc.

– Quem é? 

– É a princesa!

“Princesa?” Pensou o homem. “Deve ser outra raposa.” Abriu a porta mal humorado, pronto para mostrar toda a sua habilidade em não ser simpático… mas tomou um susto quando viu uma menina jovenzinha vestida como uma princesa.

– Desculpe por importuná-lo. Eu só gostaria de conhecer o morador desta linda casa. Meu nome é Liz.

– Hã, hum… é…olá Liz.

– Senhor… ?

– Ah, meu nome é José.

 Ele estava se recuperando da surpresa quando viu também o rapaz montado num cavalo.

– Prazer em conhecê-lo José. Eu e meu irmão saímos para andar a cavalo.

– Ah… sim. Não costumo receber visitas. 

– Não queríamos incomodar… Bem, já estávamos de saída.

– Não se preocupem, vocês são gentis e não estão incomodando. Foi um prazer conhecê-la, senhorita Liz. 

Já ia se virando e fechando a porta quando parou e se voltou para a princesa. 

– Senhorita Liz, só uma pergunta. Quando você chegou, disse que era uma princesa. De onde vocês vieram?

– Nós somos da Reino do Vale Antigo. 

– Ah, você vem do Vale Antigo. Eu nasci lá.

– Então o senhor conhece!

– Sim, inclusive já vendi um sapato para um funcionário do seu castelo.

– Então você deve conhecer meu pai, o rei Toni de Todos.

– Sim, conheço, foi meu colega de escola, mas isso faz muitos anos…

– Ah, que legal! Vou dizer para o meu pai que conheci um velho amigo dele! Meu pai conhece todo mundo mesmo!

– Seu pai não vai lembrar de mim, faz muitos anos.

– Meu pai lembra de todas as pessoas, ele gosta muito dos amigos, tenho certeza que vai se lembrar do senhor. Até mais, senhor José!

– Hã, tudo bem. Cuidem-se nessa estrada íngreme.

O homem fechou a porta se sentindo um pouco transtornado. Começou a lembrar de quando era criança, dos amigos, da família… da mãe. Sempre ficava triste quando lembrava da mãe, que partiu tão jovem quando ele ainda era bem pequeno. Zezinho, era como o chamavam quando era criança. 

De repente lembrou que, quando a mãe morreu, ele perdeu a vontade de viver. Lembrou de um dia que não quis ir brincar com os amigos, ao contrário, sentou-se numa pedra, na frente de casa, e ficou fantasiando na sua imaginação infantil. Imaginou que ele ia morar num outro lugar, longe de todos. Ele havia imaginado que estava longe, sozinho, e então encontrou sua mãe. Ela também tinha ido embora para longe ele conseguiu encontrá-la… Nesse momento José se perguntou como ele pode lembrar dessa história que ele imaginou  quando era ainda tão pequeno? 

Quando ainda era jovem, ele foi morar na montanha. Aos poucos ele foi deixando tudo para trás, parentes, amigos, lembranças. Ele havia aprendido a fazer sapatos, e seguiu fazendo isso durante toda a sua vida. Vivia isolado, só ia até o povoado a cada três meses para vender seus sapatos. Quando tinha o dinheiro suficiente, comprava seus mantimentos e voltava para casa, caminhando pela montanha. 

Depois da visita surpreendente da princesa, muitas memórias lhe vieram à tona. Por um momento viu-se rindo sozinho, lembrando de uma brincadeira com os colegas de escola. Mas hoje ele tinha muito medo de se encontrar com eles, pois não sabia se os antigos amigos lembravam dele. Desde pequeno, ele tinha a impressão de que não tinha lugar pra ele nas brincadeiras. Pensando nisso tudo, se sentiu triste e melancólico.

José estava entregue às velhas lembranças quando alguém bateu na porta.

Toc, toc, toc.

“Será a princesa de novo?” Pensou ele. Foi rapidamente abrir a porta e deu de cara com um lindo gato preto e branco. 

– Um gato? O homem acabou dizendo essas palavras, tamanho foi seu susto.

– Miaaau, boa tarde para você também, senhor José. O senhor precisa fazer uma viagem.

– Viagem? Não, só vou para o povoado daqui uns três meses.

– Não, não, nada disso. É uma viagem mais interessante. Miaaau. Eu tenho algo para você, me acompanhe.

E o gato, num salto ágil, saiu da frente da porta e pôs-se a caminhar ladeira abaixo, em meio às grandes pedras e muitas árvores. Quando José deu por si, estava  descendo a montanha, passando entre as pedras e seguindo o gato, que desviava agilmente dos obstáculos alguns metros à sua frente. “Que raios eu estou fazendo aqui?! Nem sei onde eu estou!” Assustou-se José, mas não conseguia parar de seguir aquele animal fantástico.

Chegaram enfim a uma planície com uma grama muito verde. Então o gato fez algo que José jamais imaginaria: o gato saltou num riozinho que havia no local. “Gato não tem medo de água?” José não entendeu nada, pois esse gato não tinha medo de água. “Me acompanhe, miaaau”. O gato nadava na água. Algo dizia para José que ele não devia ir… mas um outro impulso lhe jogava para frente e não conseguia controlar suas pernas, então caminhou até o rio e entrou na água fria. Quando ele entrou na água, formou-se um enorme redemoinho e ele entrou para o fundo da água, levado pelo redemoinho. Foi muito rápido, não pode se agarrar a nada, só conseguiu encher os pulmões e prender a respiração. De repente se sentiu lançado ao chão. Ele abriu os olhos e estava dentro de uma caverna. Ali podia respirar. Ouviu passos ao lado, era o gato correndo, atravessando a caverna. 

– Miaaau, me acompanhe.

Ele correu atrás do gato, não podia mais voltar para trás, só lhe restava seguir o gato. Estava todo molhado e com frio. Viu uma claridade forte vindo da entrada da caverna. Quando chegou, olhou para fora e viu que estava em cima de um penhasco muito alto, que se erguia sobre enormes paredões de pedra. José viu que conhecia aquele penhasco, olhou para baixo, para o lado esquerdo, sim lá embaixo estava o Reino do Vale Antigo. Ele até esqueceu do gato por um momento, ficou olhando o povoado, parecia tão pequenino visto de longe. 

Mas algo estranho aconteceu. Mesmo olhando de tão longe, como se tivesse olhos de águia, conseguiu ver a si mesmo criança, brincando com os amigos da escola! Era como se estivesse vendo o passado na sua frente. Enxergava os menores detalhes e a viola inteira ao mesmo tempo. José ficou olhando para o pequeno Zezinho. Ele era o mais pequeninho de todas as crianças, corria junto e parecia estar se divertindo muito. José sentiu muito carinho por aquele menininho. José lembrou-se de que no fundo, sempre sentia uma tristeza que sempre o acompanhava, não sabia por que… Mas olhando Zezinho correndo e brincando, percebeu que nessas horas ele estava totalmente feliz. José ainda notou algo mais: tantas vezes pensou que os amigos nem lembravam mais dele, que ninguém lhe dava importância… mas vendo Zezinho agora, percebeu que os amigos olhavam para ele, o chamavam, brincavam junto muito contentes. 

A brincadeira terminou e José observou o pequeno Zezinho voltando para casa. Agora ele andava cabisbaixo. Chegando em casa, viu sua mãezinha que estava muito doente, e ficou muito triste. José se lembrou que dia era esse: o dia que ela foi embora… não pode evitar uma lágrima de dor e saudade.

Desde esse dia, José não quis mais ter ninguém em sua vida, ele temia perder a todos que amasse, e não queria passar por aquilo de novo. 

Estava totalmente absorto em suas memórias quando ouviu sua mãe: “Oi Zezinho!” José viu Zezinho dentro da casa. “Está todo suado, pelo jeito correu bastante!”,“Sim mãe”, “Que bom! Me prometa que vai ser sempre assim, feliz, sua vida inteira! Eu adoro ver você brincando contente! Amo você.”

José ouviu essas palavras da mãe e se emocionou profundamente. Mas notou que Zezinho não ouvia, Zezinho estava sofrendo profundamente pressentindo que em breve não teria mais a mãe ali, assim, ao seu lado. Ele não queria perder sua mãe. Se ele pudesse ir no lugar dela! Ela ia morrer e ele ia continuar vivendo… Zezinho se sentia culpado, sentia que não tinha o direito de viver. Mas não podia morrer no lugar da mãe… o pequeno Zezinho sofria profundamente, sentia que não tinha o direito de ser feliz vendo sua mãe tão doente. 

Percebendo que seu filhinho estava triste, a mãe resolveu falar.

– Zezinho, logo eu vou partir, você já percebeu, não é? 

Ele fez que sim com a cabeça.

– Eu preciso ir. Você precisa aceitar isso para eu poder ir em paz. Você não pode vir comigo, nem pode ir no meu lugar. Agora eu entendo… a vida tem todas as possibilidades! Você tem a vida, então você tem tudo. Viva plenamente! Vai fazer isso por mim meu pequeno?

Zezinho só ouviu a primeira frase “logo vou partir…” e não ouviu mais nada. Quando sua mãe lhe pediu “Vai fazer isso por mim meu filho?” ficou com vergonha de perguntar “isso o quê?” e apenas acenou que sim com a cabeça. José só observava, muito emocionado.

– Me dê um abraço! Disse a mãe.

José ainda lembrava desse abraço tão amoroso. Foi a última vez que José abraçou alguém. 

Agora José entendeu o quanto a mãe o amava, e pensou no quanto ela ficaria triste se visse José infeliz, isolado, carregando aquela tristeza que ele não sabia de onde vinha… mas agora começava a entender… era saudade. 

Mas as palavras ecoavam nos seus ouvidos. Zezinho não tinha ouvido, mas José adulto ouviu e entendeu! “Você não pode vir comigo… Você precisa aceitar isso… a vida tem todas as possibilidades!…  Viva plenamente!… por mim meu filho!” 

José caiu de joelhos e chorou como nunca tinha feito antes. De tristeza, de saudade, de alívio por enfim entender.

Quando parou de chorar, abriu os olhos e estava sozinho, dentro da sua casinha! O gato havia desaparecido… Que mágica foi essa? Ficou um tanto transtornado, mas não tinha tempo de pensar nisso, pois tomou uma decisão naquele momento. 

 Vestiu a roupa que mais gostava de usar e saiu caminhando montanha abaixo, pela estrada. Foi até o Reino do Vale Antigo, visitou a princesa e seu pai – velho amigo, conversaram bastante depois de tantos anos, e riram lembrando das brincadeiras. Visitou vários parentes e amigos de infância, todos estavam com saudades dele depois de tantos anos e o receberam com muita alegria.

Decidiu construir uma casa no Reino do Vale Antigo. Desde então, sua vida foi cheia de amigos, alegria e criatividade. À noite, antes de dormir, sempre lembrava da mãe e dizia a ela, na sua imaginação: mãe querida, quanta falta você me fez… Sei que um dia também vou partir, mas por enquanto, vou ficar por aqui. E dormia tranquilo.

Agora ele desfrutava de todas as possibilidades da vida!

Brincar de pião

Meu brinquedo de pião dá confusão

Sou muito bom em fazer ele girar

Pula depois gira gira sem parar

 

Vou olhando e seguindo meu pião

Rapidinho pela casa pelo chão

Diverte todo mundo quando ele volteia 

 

A vó pula e se assusta de montão

O gato olha tanto que tonteia 

Meu cachorro pula em cima pra pegar

 

Brincar é tão bom, vem junto aqui rodar!

Dá um giro e pula e volta a girar

Depois cai no chão e começa a rolar!

O pombo e a pomba

O pombo olhou pra pomba

e ficou apaixonado

dançou uma arromba  

e pousou ao seu lado

 

A pomba tão bonita

comia seu lanchinho

estava distraída 

nem viu o pombinho

 

O pombo se enfeitou

ensaiou e começou

a cantar e a dançar

pra pomba encantar

 

A pomba viu o moço

E achou muito bonito

que lindo esse pombo

vem cá lanchar comigo!

Bicho da goiaba

Tinha um bicho brincando na goiaba

Cava cava túnel pra cá e pra lá

Dentro da goiaba onde que ele tá?

 

O bicho danadinho é ligeiro

Tão pequenino ninguém vai encontrar

Se entorta e se esconde onde que ele tá?

 

O bicho tá me fazendo procurar

Eu vi ele espiando no buraco

Mas quando vou olhar, ele não tá lá!

 

Encontrei! Olha ele lá do outro lado!

Brincou de esconde-esconde o dia inteiro

e de noite abraçou o travesseiro

A Bola Amarela

Imagem-de-Sergei-Tokmakov-Terms.Law-por-Pixabay.png

 

 

 

 

 

 

 

A bola amarela subiu no telhado

péim, póim, pum 

Picou picou 

e desceu pro gramado

A bola amarela foi lá pro outro lado

péim, póim, pum 

Rolou rolou

e caiu no lago

A bola amarela nadou com o pato

Quá quá quá

nadou nadou

e subiu no navio

A bola amarela navegou no rio

Chuá chuá chuá

navegou navegou

e chegou lá no mar

A bola amarela aprendeu a surfar

poroc poroc poroc

surfou surfou

E fez malabares

A bola amarela desbravou os mares

Chuá chuá chuá

viajou viajou 

e encontrou um gelo forte

A bola amarela tá no polo norte

tchap tchap tchap

Patinou patinou 

que divertido que sorte!