Parede riscada

A parede riscada

ri com a criançada

Sujou? Que nada!

É a parte viva da casa

A mancha de slime

que nunca mais sai

é um portal vibrante

para a infância, o instante

de alegria plena

Olha, escuta: Mãe! Pai!

Vem brincar, vai!

E a razão serena

do adulto responde

Claro, vale a pena!

Quem é que se esconde?

Mãe acordei!

Mãe acordei! 

e assim começa o dia 

cheio de energia 

Mãe, tô com fome! 

E come, come

 

Mãe, vamos brincar! 

mas eu tenho que trabalhar 

e a gente brinca 

E a mãe se vira, se vira

 

Pai, vamos jogar!

Sim mas só meia hora

Depois eu vou trabalhar

E o pai se vira, se vira

 

Ei, vamos passear!

Estou fazendo o serviço

Tem rebuliço, mas olho o filho

e decido aceitar

 

Depois voltamos e a gente senta

Ufa, 10 minutos para descansar 

Mãe, pai, vamos brincar! 

Aff acho que vou desmaiar…

Sim, vamos lá! A gente brinca 

e se vira, e se vira

Brincar com as crianças

Brincar com as crianças

Pura entrega

Cansa e recarrega

É como dar à luz de novo

Os olhinhos que brilham

Risadinhas marotas

Gritinhos de alegria

“Você não me pega”

“Ah, você é tão rápido”

“Como se esconde bem!”

O olhar, a escuta, o estímulo

E corro! O quanto a idade 

e o sedentarismo

me permitem

Estou envelhecendo? 

Tenho problemas?

De que importa!

A vida é grandiosa

E anda para frente 

Vejo a vida brilhar 

Na alegria deles

A guerra acabou

Certa vez, um menino brincava em um pátio de terra. 

Um velho caminhão. Um cavaleiro sem cavalo. Uma cabeça sem boneca  

 

Então, no seu mundo de fantasia

Viu chegar uma cavalaria

Alinhada e emplumada

Um oficial lhe entregou 

a carta enrolada

 

Sentiu-se uma euforia

O menino tomou a carta

se emocionou e falou:

(com voz embargada)

A guerra acabou!

 

Todos gritavam

Viva! Viva! 

 

Achou o cavaleiro do cavalo

O velho caminhão foi lavado

Encaixou a cabeça na boneca

Penteou seu cabelo

e a colocou para dormir

com o rosto para o lado esquerdo

 

E pensou: 

Deste campo eu não deserdo

E onde tinha as maiores dores

plantou flores

e regou

Brincar na rua

Jump in puddles, por tessa.smoot, reshot.com

Brincar na rua

voltando da escola

Tenho na memória

No verão, no parreiral comendo uva

No inverno, casacão e guarda-chuva

e bota emborrachada

Na poça congelada

pegava a lâmina cristalizada

Quanto maior, mais entusiasmada 

ficava a garotada

E assim tanto brincava

que chegava atrasada

o almoço já esfriava

A mãe perguntava

onde você estava?

Brincando na rua