A caverna de Pé frio

Era uma vez Pé frio

Ele vivia numa caverna que o protegia do vento

É que ele era muito friorento

Defendia sua caverna de tudo e todos

 

Sentia um pouco de medo

só saía para caçar 

e juntar coisas para seu lar

e já voltava para dentro

 

Ele era amigo do morcego e do vaga-lume

Um, não conseguiu expulsar

do outro, apreciava as luzes

 

Um dia – que atrevimento 

o gato preto entrou na caverna

correndo atrás do vaga-lume

e deu de cara com o Pé frio

 

Que susto! Disse Pé frio

Que medo! Arrepiou o gato preto

Não conseguiam ver direito

era escuro lá dentro

 

Pé frio foi pra cima

mas os felinos são ágeis

 

Na perseguição

saíram do gelado vão

e Pé frio de repente 

estava correndo no sol quente

 

E cadê o danado do gato? 

Ah! Desistiu por certo

não está por perto

aqui só tem uma raposa

um passarinho, umas formigas

um tatu, uma lebre… 

Que povo todo misturado! 

Desorganizado!

Pé frio sentiu calor

e um vento agradável… 

 

Voltou para sua caverna

pois gostava de lá morar

Mas de vez em quando

a floresta ia visitar

Pois curtiu as duas formas 

de viver e se relacionar

Poesia madura

Poesia madura é uma senhora 

de cabelos longos e fortes

De andar encadeado

Que pisa firme e suave

De peito aberto olhando à frente

Expressão alegre sem euforia

Só vive um dia de cada vez

Mas um século à frente vê

Porque carrega toda a história

O que encontra, cativa

Valoriza o milagre da vida

Não tem só isso mas idealiza

Inova busca arrisca

Mas não em demasia

Pois sabe que amanhã 

tem um novo dia

Ainda estou vivo

O conforto e a tranquilidade

não me deixam esquecer 

de quem sente dor e saudade

Cama quente e aconchegante

Não me me deixa nem um instante

insolente e indiferente 

pro frio e cansaço de tanta gente

Não se ofuscam meus sentidos

Eu não me fecho sem ouvidos

Eu cumpro algum motivo

Por que ainda estou vivo