Fome
não tem nome
talvez nem dente
Indigente
lhe dói o abdome
na espera urgente
do nutriente
Conhece os ratos da rua
Enxerga as fases da lua
Quanta dor a sua…
Ao lembrar do rio da infância
onde pescava em abundância
E da árvore gigante
onde colhia bastante
fruta bem madura
Hoje
acabou a ternura
o rio polui
a árvore caiu
O olhar petrificado
só tem cinza na paisagem
Mas ainda vê a miragem
verde, mata selvagem
água limpa, o fundo exposto
belezas pra todo gosto
E as águas deslizam
e suavizam
o velho rosto