Eu me descontrolo, enfureço, perco o controle sobre mim
Não me conheço, humano ou monstro?
Amo tanto a todos, mas quando me perco, o monstro…
Não quero fazer mal, mas não basta o querer
tenho medo do que possa acontecer
Eu não sou malvado
Donde vem esse castigo?
Eu sei que é bem antigo
pudesse voltar para o passado
consertar o quebrado
reviver quem foi morto
reescrever o destino torto
Espelho da minha vida
vou curar essa ferida
olhar toda a dor e desgosto
Não é uma criança pequenina
quem encara a força da vida
e sim o adulto poderoso
Eu vejo o sangue derramado
lá no desconhecido passado
ensandecendo meus neurônios
Respiro no meu coração
peço perdão
sem esperar ser perdoado
só me revelo envergonhado
mas não posso mudar o passado
E agora entendo com clareza
a raiva é a fraqueza
de quem se sente miudinho
com uma dor maior que tudo
jogando sobre o mundo
o que não pode carregar sozinho
Assim a violência chegou aqui
mas não vai mais prosseguir
E a dor pode terminar
porque eu posso renunciar
E escolher viver e renovar
Vida é experiência infinita
laboratório a céu aberto
Agora escolho
o amor eu professo
e me alegro pacificado
vibro com o sucesso
não importa de que lado
a todos acolho
de modo indiscriminado
Cabe a vida inteira
num dia consagrado
pelo peso de um fato
que atravessa séculos
quase intacto
Até que é renovado
em nova geometria do bem
antes impossível
inimaginável
É quando o ser
mais e mais amável
na benevolência tem
boa companhia
Estar inteiro na vida
é deixar ir o que foi um dia
e deixar vir o que não veio ainda