Inexplicável

Sinto que me sustenta

o que intenta

Único e total, 

indiscrimina 

e leva cegamente

por uma linha

cujo fim é inconsciente

e o início ninguém imagina

 

Mas se olho pro lado

Fito algo

De repente tudo some

estou aqui sem nome

 

Paro onde estou e escolho 

Para onde continuar

o céu é o limite do olhar

abarca o sempre, o nunca e o todo

e se abre ao simples contemplar

O peso

O peso da pedra gruda no chão 

Em vão tenta rolar pesada

mas se deixa estar amarrada

obra da gravidade em ação

 

Tanto céu, sol, nuvem e emoção

Olha para cima embasbacada

mas não poder fazer nada

só quer romper esse grilhão

 

A pedra vê com amor profundo, 

o sol distante e sua luz macia

ela queria levitar, mais que tudo 

 

Enfim cansado o minério rotundo

Aceita ser pedra e experiencia

o beijo da terra e desse mundo

Conselhos

Alguém seguia seu caminho

sempre em frente e sozinho

até encontrar um velho 

que o parou e deu conselhos

 

Pois bem, sabe andar sozinho

Mas entende de carinho?

Tudo o que já recebeu

Compartilhe um pouquinho

 

Na estrada do ofício

Tome muito cuidado

Com fogos de artifício

Que deixam deslumbrado

 

Na noite sem luz da lua

verá sombras e assombros

é o pavor da noite escura

carregue-a nos ombros

 

Depois, vai raiar o dia

Esteja inteiro pra jornada

É aí que começa a magia

da oportunidade renovada

O laptop

Ela queria sair

Precisava do laptop com certeza

Mas o danado, grudado na mesa

Não podia vir

 

Pegou-o firme na mão

Bem posicionada

Mas que nada

O esforço foi em vão

 

Ficou ali paralisada

Sem entender nada

 

Acordou e lembrou

Ah, o laptop desligou

Como vou escrever?

E agora o que fazer?

 

Sentou e meditou

Quem sabe umas férias?

Ando mesmo tão séria…

 

E decidiu 

Não vou fazer nada

A manhã toda relaxada

Só criar, brincar… e sorriu

Processo judicial

O processo nasceu há muito tempo

Encadernado, voava…

e se equilibrava no ar como uma borboleta

bate suas asas

 

Um dia, pousou sobre uma grande mesa

pesada, de madeira

Ali, tinha um tinteiro e uma caneta

onde o processo borboleta

sugou o néctar da tinta inteira

 

Sentindo-se preenchido

voou 

e sem nenhum alarido

na prateleira pousou 

e descansou

 

Por vários anos…

 

Sentindo-se maduro então 

e um pouco velho

alçou vôo novamente 

para seu derradeiro fim

 

Pousou sobre a grande mesa 

repleta de gente

que contente disse sim

e apertaram-se as mãos

Vem comigo

Me sinto tão grande

Mas impotente

Se eu me tornar pequeno

Talvez alguém me acalente

 

Ah, eu desisto

Eu não sou visto

Essa dor é latente

 

Só quero ser gente

Me voltar mais uma vez

e naquela voz quente

ouvir “meu querido”

 

E sem nenhum ruído

responder contente

“vem comigo”

E seguirmos em frente

Jornada imprevisível

Uma grande jornada começa

Me desprendo, inconsciente

desligo, desapego

Então não sei o que acontece

não consigo evitar

é só me entregar

Mesmo que não quisesse

sou derrubada e levada

na grande jornada

não posso controlar

 

Imprevisível

É sempre assim  

Incrível

nessa mesma hora 

que vou deitar cansada

Boa noite

Emoções

O desprezo convencido se acha

O nojo rejeita, rejeita, rejeita

O medo ingênuo acredita na segurança

A saudade repinta o que ela lembra

A raiva rosna acuada

A frieza só quer calor humano

O stress não dá folga mesmo

A euforia agita e não contempla

A nostalgia fica boiando na piscina

A tristeza pensa que tem beleza

A dor é poderosa, essa sim quebra qualquer um