A liberdade da arte
e a dogmática estática
não rimam na prática
Mas dado o estarte
Que criativo embate!
Se o destino chega de repente
ele tem cara de surpresa
e dá um susto na gente
Se chegar virando a mesa
Me protejo num canto
Até passar sua brabeza
Se vier trazer encanto
E ternura por completo
Termina todo o pranto
Se chegar assim tão quieto
Nem verei quando entrar
Na ponta dos pés, discreto
Se vier sem avisar
Que posso fazer?
Enfim, aceitar
Nunca imaginei que ficaríamos tão próximos
Jamais cogitei uma amizade tão bonita crescer
lealdade, amor, amizade, continuidade
Mesmo nas mudanças profundas ou bruscas
Mesmo nas diferenças ou poucas afinidades
Tal qual inimigos históricos fazendo as pazes
e compartilhando os mesmos territórios
Um projeto que atravessa corações
imprime paz em todas as gerações
Já sonhei consertar o mundo
Sonhei com o equilibrado e o justo
quis encontrar, no fundo
de cada um o mais nobre
sem muito custo
Já fiz revolução
Já construí amor e perdão
E vi profunda união
na reconciliação
Abracei cada oportunidade
com paz e suavidade
Deixei de lamentar a distância
a frieza ou a maldade
É o que se aprende com a idade
depois que passa a arrogância
Que alegria saber que uma palavra
Que não foi nada planejada
Brotou no momento acertado
Tocou fundo o peito apertado
Motivou decisão
Deu coragem, energia
E amor no coração
Essa é toda magia
Palavra despretensiosa
Profundamente amorosa
Olho no olho da compaixão
Humanidade à flor da pele
Palavra adiante segue
Pura êxtase jubilosa
Gratidão, gratidão
Se espalha em toda direção
Tagarelice fake barata
dá recompensa imediata
Cara de bacana
vende vaidade
a preço de banana
Mas na realidade
cria verdade torta
e nem se importa
Só caça recompensa
em mais nada pensa
Se o neon reluzir
vai prosseguir
E quanta emoção derrama
enquanto a mentira engana
Mas, porém, contudo, entretanto
a análise certeira, por encanto
dissolve a fake inteira
Não nasceu no fundo do mar
Surgiu sublimada no ar
Pairando não vive em vão
A suavidade é o seu colchão
Entregue à melodia do som
Se dissolve na apreciação
Do arco-íris sinuoso do om
Enviado do céu ao chão
Pequena como um grão
Absorve e reflete
Ampliando a imensidão
Colorida leve e linda
A nada repete
E na onda é infinda
Eu vejo o sangue
Não derramado
mas bem canalizado
saltando adiante
na badalada do peito
jorra até as pontas dos pés
a cada impulso perfeito
hidrata e dá o colorido
é um vermelho bonito
Quando se derrame
não seja em vão
apenas a purificação
do útero que acalenta
E assim a alma esquenta
gera a nova era
que não espera
nem teme
contente de ser
o mesmo sangue
pra toda gente
pro grande e pro pequeno
do maior mamute
ao menor rebento
Sangue, segue onde te mande
O grande vigor
que leva a vida adiante